quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Segunda-feira


Quando não há anjos no céu,
ela veste nuvens
e derrama estrelas sorrindo.

Nos olhos austeros,
águas profundas e silenciosas.

Aporto.

Descanso, me abandono
à deriva
deixo-me levar
leve, vazio.

Atravesso então enormes pórticos,
paisagens flutuantes em um tempo inexato,
infinito para todas as direções.

Sonho.

Respiro o vento doce
que da janela aberta
atravessa manso e cauteloso
os cabelos ainda molhados.

...

Chega a manhã,
escorrendo preguiçosa pela parede
amarelada e esquecida.

Da cama desfeita e morna,
sinto que tardo.

Ao meu lado,
somente memórias
moldadas no pano.

Lento, a vejo de longe.

Nas mãos,
fumegando,
o café e o cigarro.

Sorriem os dois olhos austeros,
ametistas de brilho intermitente
atrás das duas neblinas.

Os enxergo dizer de dentro dos meus, descansados:

- É terça-feira. O que será de hoje?

O que será de nós?

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