terça-feira, 9 de março de 2010

Sobre cumplicidade

Os meus segredos, os cubro
por acreditar ser eu o único

agora
se por acaso
como o vento antes da chuva
o acaso descobri-los

com a língua entre os dentes
sérios e safos
podemos,
como adultos,
negociar discrição

O duplo

vou me colocar para dormir
e sair por aí
vivendo como se num sonho

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

até mais ver

como óxido nitroso

envenenando a gasolina

fervendo engrenagens

e deixando marcas fumegantes no asfalto

como o sangue escuro e venoso

procura o coração para se purificar

como a gravidade multiplica a velocidade

a vertigem e o desejo da queda

a profundez do mergulho

como a loucura te faz valente

atropela o medo

e te acorda logo cedo

na forma de um sonho

um vôo

uma fuga, suíte

música de câmara

trepidar de britadeira

como a sorte precisa de um nome

meu desejo se faz ver

na espessez de minhas veias

dentes arreganhados

saliva

pelos eriçados

um bicho

meu desejo se faz ver

a pulsar sob a pele

mão e pescoço

e admite

olho no olho

com fúria

e a nobreza ridícula de uma vulnerabilidade assumida


- preciso de você amor

para onde vai agora?