por acreditar ser eu o único
se por acaso
como o vento antes da chuva
o acaso descobri-los
com a língua entre os dentes
sérios e safos
podemos,
como adultos,
negociar discrição
como óxido nitroso
envenenando a gasolina
fervendo engrenagens
e deixando marcas fumegantes no asfalto
como o sangue escuro e venoso
procura o coração para se purificar
como a gravidade multiplica a velocidade
a vertigem e o desejo da queda
a profundez do mergulho
como a loucura te faz valente
atropela o medo
e te acorda logo cedo
na forma de um sonho
um vôo
uma fuga, suíte
música de câmara
trepidar de britadeira
como a sorte precisa de um nome
meu desejo se faz ver
na espessez de minhas veias
dentes arreganhados
saliva
pelos eriçados
um bicho
meu desejo se faz ver
a pulsar sob a pele
mão e pescoço
e admite
olho no olho
com fúria
e a nobreza ridícula de uma vulnerabilidade assumida
- preciso de você amor
para onde vai agora?