terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sons da guerra

Lá não há fantasmas, não há tempo pra eles.


De repente a carne se despedaça, se separa, cai inerte e pesada, sem vestígios de um dia ter carregado vida.


Como num embrulho de jornal.


O real é aquilo que explode no ouvido, o som que violenta o silêncio.


Aquilo que não tem alma.


Uma assustadora cacofonia soa insistentemente no coração dos que somente esperam, escrita na tensão invisível, inescrutável e incrustada no ar, executada por quimeras de aço e terror.


A respiração é presa como em um clímax. Gritos são encarcerados, soluços sufocados, enquanto se aguarda a morte que, ironicamente, chega silenciosa dentro da poeira, do fogo, ou de lugar nenhum, como no claque seco de um interruptor.