domingo, 23 de agosto de 2009

Números repetidos

inalcançável e inofensiva
uma estrela desconhecida em rota de colisão

uma teoria conspiratória
ou uma velha história carcomida pela maresia
a rodar de geração em geração

ebulindo paixões
ou suicídios

no vento salgado que tudo corrói

...

mas a conta não fecha

um alerta de que existe um lugar onde não se compreende
um outro lado
uma reação inesperada
uma ruidosa consonância de pontos de vista impossíveis
inesperados
e profundamente complementares

mas afinal...
eram mesmo somente números repetidos
ou seria Deus?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

como animais na cidade

se farejam bocas sujas trocam saliva e lascívia para espantar o despropósito dessa vida vida sem propósito de propósito perdidos nas ruas sujas da vida na cidade violência pútrida caminhos de rato farejando sinais de alerta
a cabeça apita chaleira o mesmo trajeto casa-trabalho-casa formiga operária cobaia de laboratório cestinha de supermercado cheia de pequenas porções de coisas básicas, todas elas com embalagens coloridas e cheias de textos, cientificamente comprovadas doses mentirosas de desejo, intestino preso, tecido adiposo, asfalto e o concreto dentro de uma mão, num gargalo, onde zunem e se amontoam, hemácias, carros deslizando em sangue, ruas anêmicas, quase apagadas, com suas luzes de freio e cheiro de glicerina queimada, glóbulos aglomerados de transbordam de veias abertas, epiderme da terra coberta por calçada.