sexta-feira, 7 de agosto de 2009

como animais na cidade

se farejam bocas sujas trocam saliva e lascívia para espantar o despropósito dessa vida vida sem propósito de propósito perdidos nas ruas sujas da vida na cidade violência pútrida caminhos de rato farejando sinais de alerta
a cabeça apita chaleira o mesmo trajeto casa-trabalho-casa formiga operária cobaia de laboratório cestinha de supermercado cheia de pequenas porções de coisas básicas, todas elas com embalagens coloridas e cheias de textos, cientificamente comprovadas doses mentirosas de desejo, intestino preso, tecido adiposo, asfalto e o concreto dentro de uma mão, num gargalo, onde zunem e se amontoam, hemácias, carros deslizando em sangue, ruas anêmicas, quase apagadas, com suas luzes de freio e cheiro de glicerina queimada, glóbulos aglomerados de transbordam de veias abertas, epiderme da terra coberta por calçada.

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